Atraso na vacinação, será mesmo só culpa do Bolsonaro?

A política de vacinação da Covid19 do governo federal recebeu duras críticas. Pesquisas acadêmicas, artigos de opinião, ordens de impeachment e representações criminais contra o presidente Jair Bolsonaro indicam o atraso na imunização devido a comportamento intencional e criminoso que contribuiu para o colapso do sistema de saúde.

De fato, as ações do presidente em relação à vacinação têm sido marcadas pela desinformação como estratégia política. Desqualificou algumas vacinas, espalhou informações falsas sobre efeitos colaterais e estimulou hesitações vacinais, problema até então praticamente inexistente no Brasil.

Embora Bolsonaro tenha atitudes repreensíveis, faça ações erráticas e divulgue desinformação sobre a pandemia, atribuir a ele e a seu governo todos os entraves à vacinação no Brasil é subestimar os desafios impostos pela Covid-19 e os problemas estruturais do país. A prioridade agora é pensar em uma agenda ampla para estimular a inovação e o investimento em ciência e tecnologia.

É preciso colocar em perspectiva a ideia de que a campanha de vacinação no Brasil está atrasada. Apenas quatro países (Estados Unidos, China, Índia e Reino Unido) usaram mais doses da vacina do que o Brasil. Entre os países com população superiora 100 milhões, apenas os EUA têm uma porcentagem maior da população vacinada.

Assim que a vacinação começou, em 17 de janeiro, o Brasil rapidamente alcançou (e ultrapassou) outros países de renda média com perfil demográfico semelhante, como México, Indonésia, Rússia e Índia.

Um dos principais desafios para um acesso mais amplo e rápido à vacina é a capacidade de fabricação das indústrias farmacêuticas. Há demanda global, e países de renda média como o Brasil estão em desvantagem porque não têm os mesmos recursos para mercados de reserva e não são elegíveis para doações como países de baixa renda.

Fonte: Artigo de Opinião

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